A agenda das últimas semanas tem-se focado no arraial que antecede a festa da democracia. Nos debates eleitorais, as perguntas sucedem-se sobre assuntos em que pegaremos nas nossas conversas de café, mas que não serão temas reais nos nossos dias.
Confesso que não acompanhei todos os debates, e há muito que deixei de ter a televisão ligada, mas vou seguindo o que se passa através da imprensa digital e da rádio. Sempre relegada para os tópicos menores, parece que desta vez a cultura se eclipsou quase completamente desta campanha. Na espuma dos dias, achamos que haverá sempre concertos, que haverá sempre alguém sempre disposto a tocar e a cantar, mas em que palcos? Sob que condições cada vez mais indignas? Sob que visão mercantilista deixamos que aquilo que nos aproxima do outro seja sistematicamente sugado?
A cantiga ainda é uma arma, se quisermos lutar. No domingo, vota em quem acredita que o valor da cultura não é só os milhões de euros que ela gera.