Editorial mais recente – Edição #39
2025 começou da pior maneira possível. Resumindo, as vibes não estão on. Como cantaram os Humana Taranja no final de 2024, “queria viver, mas tudo arde”. Mais uma vez, a emergência climática a mandar um lembrete que está aí à porta e que, em algum momento, chegará a nossa vez. Vemos a destruição, a morte, o desespero à distância de um ecrã em que tudo se transforma num filme pornográfico que parece tão distante apesar de estar tão perto. Suspiro. O mundo continua. O capital domina. Até quando?
2025 começou da melhor maneira possível. De repente, fez-se luz. O amor entrou pela janela, a esperança de vida renovou-se. Por entre os cacos de uma Lisboa denegrida, de um país partido, em combustão, o desejo de querer viver, do futuro chegar. O passado, esse, ficou para trás.
Como equilibrar estes dois pensamentos? Todos os dias, o mundo arde mais um bocadinho; todos os dias, a vontade de viver, de lutar, aumenta.
Aqui na Playback, continuamos a lutar. Passou 2024 e estamos a dois meses de celebrarmos dois (2!!) anos de existência. Parece pouco tempo, dois anos. Mas é muito. A luta para nos mantermos de pé é imensa. O prazer de o fazer é ainda maior.
Nesta primeira edição de 2025, várias histórias são contadas. O Francisco Galante, a estrear-se a escrever neste cantinho da Internet, falou com os Divã sobre o pós-punk áspero de Filho Prodígio. A Rute Correia conversou com o Henrique Ferreira sobre a compilação Calafonas: Música da Diáspora Açoriana e Portuguesa 1970-1980 (o nome da compilação explica o tema da conversa). Eu escrevi sobre os dez anos do bizarro e fascinante A Viagem dos Capitães da Areia a Bordo do Apolo 70. O Eduardo Ribeiro assina uma crónica sobre o seu primeiro disco de vinil.
Protejam-se, amem-se, amem o outro. Façam o melhor que consigam. Eu bem que o tento.
– Miguel Rocha