Them Flying Monkeys: “Agora o objetivo é pensar menos e deixar as coisas saírem de forma mais natural”

Quem só ouviu Best Behavior, o mais recente disco dos sintrenses Them Flying Monkeys, numa edição conjunta entre a francesa Only Lovers Records e a gig.Rocks!, arrisca-se a achar que está a lidar com uma banda veterana do gastalho pela naturalidade com que lidam com a distorção. Porém, isso é só o agora. Não começaram nesse registo, longe disso, e é precisamente essa viagem entre a doçura inicial e o caos atual que os torna tão interessantes.

A verdadeira origem da banda remonta ao início da década de 2010, mas é em 2015 que se pode falar de um nascimento oficial. Foi nesse ano que cinco amigos fresquinhos da escola secundária, Diogo Sá (guitarra), Francisco Dias Pereira (teclas), Hugo Luzio (bateria), João Tomázio (baixo) e Luís Judícibus (guitarra, voz), decidiram que estava na altura de deixar a sua marca na música e lançaram o seu primeiro EP, homónimo. Eram novos, cheios de vontade e com os olhos postos no mundo. 

Hoje, dez anos depois, os Them Flying Monkeys têm um percurso invejável. Três álbuns, dois EPs, nove singles, um cine-concerto, um EP ao vivo e uma lista interminável de salas e palcos pisados, desde bares minúsculos até ao BBK Live em Bilbao, passando pelo NOS Alive e o (agora extinto) Mexefest. Uma tour europeia já feita e uma segunda a caminho. Pelo meio, ainda houve tempo para rumarem a Nova Iorque, onde tocaram três vezes num festival de showcase, em março. 

Os dois primeiros discos – Golden Cap (2017) e Under the Weather (2020) – tinham coração mole e ouvidos atentos à psicadelia melódica a incendiar as bandas alternativas da época. As referências eram claras: Tame Impala, um bocadinho de MGMT, talvez até uns Arctic Monkeys no pós-Suck It and See. As guitarras eram limpas, as harmonias bem comportadas e as letras nostálgicas. 

Como para toda a gente, a pandemia chegou e cancelou planos dos Them Flying Monkeys. A vida atropelou os ensaios, e com o tempo e alguma frustração acumulada, surgiu a necessidade de fazer algo diferente. De libertar a besta interior (o macaco interior, vá…). De deixar cair a camisa abotoada e vestir uma t-shirt rota. Best Behavior, lançado em janeiro de 2025, é exatamente isso: a versão mais crua, mais urgente, mais livre dos Them Flying Monkeys. Um disco que vai direto à jugular, cheio de barulho, mas ainda assim cheio de refrões orelhudos em ponto caramelo que não saem da cabeça. O som é mais denso, mais eletrónico, mais físico. Onde antes havia contemplação, há agora descarga. Onde antes havia delay, há fuzz. Chegou a hora de suar!!

Capa Best Behavior
Capa Best Behavior

A própria presença em palco acompanha esta metamorfose. Se antes víamos cinco miúdos a tentar manter a postura, hoje o palco é ginásio. Os corpos mexem-se com outra liberdade, as cabeças abanam mais do que pensam e os pés batem com vontade. Agora, com o novo álbum na bagagem e as pernas já aquecidas da passagem pelos EUA, os Them Flying Monkeys preparam-se para enfrentar mais uma digressão europeia. Nas vesperas de partirem estrada fora, sentaram-se com a Playback à conversa antes do concerto que deram no festival Westway Lab, em Guimarães. 

Os Them Flying Monkeys já passaram os 10 anos de carreira. Como olham para este marco? 

[Luís Judícibus] Estamos a sentir-nos velhos [risos]. Não houve grandes celebrações, foi mais pela piada. Ao fim de 10 anos, a verdade é que as coisas não mudaram assim tanto. Continuamos a crescer, mas de forma lenta e progressiva. Às vezes, até é meio chato olhar para trás e perceber que certas coisas continuam iguais. Apesar disso, dedicamo-nos com a mesma entrega de sempre, mesmo tendo hoje vidas muito diferentes. O que tem mudado mais é a forma como interagimos com o público… e a reação deles a nós.

Em 10 anos, o vosso currículo já ficou bem preenchido. É complicado encontrar uma sala onde vocês ainda não tocaram em Portugal, e já tocaram pela Europa e nos Estados Unidos. Agora, segue-se uma segunda tour europeia. Sentem que já têm o vosso lugar marcado na cena musical portuguesa? Ou continuam a ter de lutar por ele?

[João Tomázio] Olha, por acaso esta sala [Teatro Jordão] onde estamos hoje é a primeira vez que a pisamos [risos]. A verdade é que lugares marcados não existem. Se uma banda parar de tocar, desaparece. Não há espaço reservado para ninguém.

[Francisco Dias Pereira] Sentimos isso na pele. Houve um ano, ali por volta de 2021, em que paramos de tocar, e quando voltamos foi duro. Não foi voltar ao zero, mas tivemos de nos debater outra vez para reconquistar espaços e até públicos. Muitos dos sítios onde já tínhamos tocado até já tinham fechado. Acho que todas as bandas que passaram pela pandemia sentiram essa ressaca.

Então, mesmo com este percurso todo, cada novo projeto é como começar de novo para vocês?

[Hugo Luzio] Sim, sinto que a facilidade que temos tido agora em marcar concertos deve-se muito mais ao novo disco e à mudança de sonoridade do que propriamente ao nome Them Flying Monkeys.

[Luís] O nome perde-se. Não há “nome” garantido.

[Francisco] Nada é garantido.

[Luís] Cada disco é uma luta. Estás sempre a lutar para te manteres relevante. Só se fosses os Xutos & Pontapés é que seria diferente [risos]. Lembro-me de uma entrevista dos Linda Martini na altura do Casa Ocupada — o disco foi um estouro, mas mesmo assim diziam o mesmo: que a cada lançamento é como se começasses outra vez.

Quais foram os principais obstáculos que encontraram neste vosso “recomeçar”para o Best Behavior?

[Hugo] Salas a fechar, principalmente. Os espaços para tocar estão a reduzir. E, além disso, também temos muito menos tempo livre do que tínhamos antes.

[Francisco] Apanhamos o auge da cena independente, com muito público, e agora apesar de ainda estarmos numa fase fixe, com alguma audiência, nota-se uma diferença. Festivais como este [Westway Lab] e o circuito indie têm menos gente. Há cada vez menos público jovem. Vejo muitas caras que já via em 2017, mas cada vez menos pessoal de 18, 19 anos a aparecer nos concertos.

[João] Mesmo assim, sentimo-nos muito gratos por termos cumprido um grande objetivo nosso, que era lançar um disco de vinil. Só ao fim de 10 anos é que conseguimos finalmente fazer isso. Portanto a vida é mesmo assim, embora existam muitos obstáculos é tentar dar a volta.

Desde cedo sempre passaram a imagem de uma banda muito determinada, até numa entrevista no YouTube, quando o projeto ainda nem contava com um ano de existência, já se notava essa garra. Na altura parecia que tudo tinha avançado muito rápido. Como sentem que variou o vosso crescimento? Como comparam a vossa mentalidade daquela altura com a de agora?

[Luís] Agora já não sentimos tanto aquele crescimento rápido. Na altura do segundo disco, ainda sentimos algum embalo, mas também houve momentos em que parecíamos meio esquecidos. Criativamente, se calhar, estávamos demasiado amarrados.

[Francisco] Não diria que houve um crescimento exponencial inicial, mas demos um saltozinho à pala dos concursos. Isso permitiu-nos atuar em muitos sítios diferentes e deu-nos outra facilidade em palco. Só que também fomos um bocado molengões.

[Luís] Éramos mais nabos [risos]. Mais novos, e achávamos que era só fazer um disco e deixar ir. Agora sabemos que não: lançámos este disco ainda há pouco e o ciclo dele já está a acabar, e se queremos continuar temos de começar já a pensar no próximo. O trabalho nunca pára!

Numa citação vossa diziam: “queremos começar a levar-nos menos a sério”. O que vos levou a essa mudança de mentalidade? 

[João] Foi a necessidade de simplificar tudo. Antigamente, trabalhávamos as coisas de forma super exaustiva, tínhamos imensas reuniões só para decidir se o lançamento ia ser de uma maneira ou de outra.

[Hugo] Compor era um inferno, mesmo.

[Diogo Sá] E até na nossa postura nas entrevistas… Víamos as entrevistas antigas e parecíamos muito mais “sisudos” do que uma banda jovem devia parecer.

[João] Agora o objetivo é pensar menos, deixar as coisas saírem de forma mais natural.

[Luís] E conseguimos aproveitar muito mais o processo assim.

Falando agora da vossa tour europeia (que, na verdade, já quase dava para chamar de mundial [risos]): o que implica, na prática, fazer uma tour destas? Como é que se preparam e que expectativas têm para esta nova tour?

[Francisco] Para o Luís, implica muitas idas ao médico [risos]. Antes de uma tour, ele tem de fazer uma tour de farmácias.

[Luís] Ya, costumo ficar doente sempre. É tradição.

[Diogo] Logisticamente, o verdadeiro desafio agora é descobrir como é que enfiamos uma Playstation dentro da carrinha.

[Hugo] As datas que nos arranjaram são muito mais promissoras do que as da última. Estamos com melhores expectativas.

[João] Desta vez, os nossos concertos também vão ter outro tipo de divulgação local, o que não aconteceu em 2019. Há uma expectativa real de termos público em cada data, enquanto que na outra tour queríamos tocar, fosse para quem fosse. Agora estamos mais bem apoiados.

[Francisco] Na tour anterior, fomos nós que marcamos a maior parte dos concertos, com a ajuda de um agente italiano que descobrimos na altura. O planeamento não era grande coisa. Agora, vamos atuar mais vezes em nome próprio, com tudo melhor organizado.

[Diogo] Vamos comer melhor também. As condições vão ser bem melhores.

[João] E a logística desta vez foi pensada a sério. Na outra tour era um caos. Íamos para o norte, depois para o sul, depois outra vez para o norte… Foi muito cansativo. E muitas vezes, escolhemos caminhos errados para tudo.

Sendo já a segunda tour, o que é que sentiram que aprenderam na anterior e que querem aplicar desta vez? 

[Diogo] Sandes de atum é top, mas não é para todos os dias.

[Luís] Álcool também não pode ser todos os dias… Levar um casaco para a noite pode ser uma boa ideia… Levar medicamentos também ajuda… E aquecer antes dos concertos é essencial.

[Francisco] Na primeira tour, chegámos ao fim quase sem conseguir tocar. Não tínhamos a preparação necessária para aguentar aquilo.

[Luís] No antepenúltimo concerto, avariei completamente a meio. Fui para o backstage e o dono do bar, super simpático, veio ter comigo com um chá na mão e disse: “Toma, já venho com um copo de whisky e ficas fino.”

E depois regressaste ao palco?

[Luís] Não, fiquei no backstage a beber whisky [risos]. Na altura, sentimos mesmo muita falta de descanso e não nos preparamos devidamente. Desta vez, a tour está muito mais estruturada. Os cachês são ligeiramente melhores, mas mesmo assim, ainda são baixinhos. Às vezes, calha atuarmos em sítios que não se enquadram nada com o espírito do concerto, mas faz parte. Estamos cá para continuar a fazer isto.

[Hugo] Uma cena muito engraçada das tours europeias é a incerteza: nunca sabes como é o espaço onde vais tocar, onde vais dormir, se o público vai aparecer… mas essa imprevisibilidade também é fixe.

Them Flying Monkeys em Nova Iorque.
Them Flying Monkeys em Nova Iorque. Fotografia: Afonso Vieira
Acabaram de vir dos EUA. Já lá tinham estado? Como surgiu a oportunidade de irem tocar para lá?

[Hugo] Eu toquei lá o ano passado, no mesmo festival [The New Colossus Festival], com outra banda, os Hause Plants, num bar chamado Pianos. O dono tem uma ligação forte a Portugal, o bar dele tem uma parceria com a Super Bock e ele está super atento à música portuguesa. Curte mesmo ter bandas portuguesas lá. No ano passado conheci o festival, curti bué, e agora surgiu a oportunidade de irmos também com Them Flying Monkeys.

[Francisco] Nós adoramos. Ficamos mesmo admirados com o ritmo a que tudo acontece lá. É tudo super rápido. As bandas entram e saem a alta velocidade. Não há soundcheck, só um line check de 10 minutos e siga.

E como foi a receção lá?

[Francisco] Eu diria que o pessoal curtiu. Nos horários mais difíceis foi um bocadinho complicado, mas no geral tivemos uma boa receção.

[João] Conhecer Nova Iorque, andar de avião para tocar, conhecer outras bandas, foi mesmo fixe.

[Hugo] Acho que também é importante dizer que a nossa carreira não vai mudar só por termos ido a Nova Iorque, mas para nós foi brutal.

[Luís] Fizemos grandes amizades, conhecemos pessoal incrível, e ainda recebemos elogios dos Lip Critic.

Esta tour acontece no âmbito do lançamento do vosso novo disco. É um disco bem mais barulhento do que os anteriores. Até diria que, com este álbum, os macacos levantaram mesmo voo [risos]. Sinto também que é o disco em que soam mais a vocês. Sempre achei, pelo nome da banda, que iam soar a algo assim. Como é que olham hoje para o som dos vossos álbuns anteriores? Ainda tocam essas músicas?

[Francisco] A nossa perspetiva em relação às músicas antigas é simples: gostamos muito delas, mas já não as tocamos.

[João] Agora já fogem demasiado ao contexto em que estamos.

[Francisco] Exato. Já nem tem tanto a ver com gostarmos ou nos identificarmos. Continuamos a gostar, mas simplesmente não faz sentido enfiar agora no nosso espetáculo uma música mais psicadélica.

[João] Fez sentido para nós na altura, mas agora o nosso set é 100% disco novo.

Curiosamente, este disco surgiu numa altura em que muita música mais barulhenta começou também a ganhar destaque. Esta mudança foi pensada como forma de expandir o vosso público ou foi só natural?

[João] Não foi uma estratégia consciente para expandir o público. Foi mais à boleia do que andávamos a ouvir e da nossa evolução como banda.

[Luís] E a pausa da pandemia também foi um momento de reflexão importante.

[Francisco] Uma coisa que aconteceu foi que, no processo de fazer este disco, que demorou algum tempo, antes da pandemia já tínhamos composto e gravado “Next Emma Stone” e “The Great Song”. Quando tocamos essas músicas ao vivo, percebemos que a receção a elas era muito mais favorável. Inclusive, tivemos conversas com promotores e organizadores que nos disseram: “É por aí! Caguem no resto e façam só isto.” Isso deu-nos também pica para continuar a explorar este lado.

[Hugo] Mesmo em relação a essa ideia de estarmos a soar mais a nós próprios: o processo de composição para este disco foi muito mais direto. Não filtramos tanto as ideias, deixamos tudo sair de forma mais natural e isso também se sente.

 

Sentem que este novo som vos permitiu chegar a sítios onde, com o som antigo, talvez não tivessem chegado?

[Hugo] Nunca teríamos atuado no Inferno das Febras [risos].

[Luís] Quando chegámos lá e vimos os vídeos do pessoal todo a gritar, pensámos: “Eish, vamos ser apedrejados!”

[Francisco] E depois não foi nada disso. Ainda por cima deram-nos um slot ótimo. Foi pena que foi daqueles concertos em que tocamos e tivemos de bazar logo a seguir.

Vocês nunca tinham atuado num festival de metal, certo?

[Luís] Nunca. E é engraçado porque agora temos falado muito disso. Entramos num circuito que nunca pensamos alcançar.

[Hugo] Mesmo quando tocamos em festivais quase totalmente de metal, tipo o Festom, éramos nós e bandas de growl e screamo, e o pessoal curtiu a nossa cena. Ou no Souto Rock, quando tocamos antes dos Hetta. É isso: desbloqueamos o circuito da jarda.

[Francisco] Estamos muito bem servidos.

Fotografia: Catarina Monteiro
Fotografia: Catarina Monteiro
Enquanto no disco anterior senti mais nostalgia, este pareceu-me mais caótico. Qual foi a ideia com este disco? Foi mais um “bora explorar sons novos” ou havia algo mais por trás?

[Hugo] Quando o conceito se formou, a ideia era fazer algo mais explosivo e direto, e fugir do que fazíamos antes.

[Francisco] Principalmente porque, antes, éramos uma banda muito agarrada ao revivalismo dos anos 60 e 70. Lá para 2018, começámos a desapegar-nos desses rótulos e focamo-nos mais no presente e foi sobre isso este disco.

[Luís] Foi uma altura em que nos desamarramos do rock puro e duro e nos focamos em explorar outras cenas — comprar mais pedais, apostar em sons diferentes.

[Francisco] Havia esse sentimento de querer fazer música mais direta, mais explosiva, talvez até mais pesada. As pessoas, quando nos viam ao vivo, ficavam surpreendidas porque as músicas soavam sempre muito mais pesadas ao vivo, fazíamos arranjos diferentes.

[João] A intenção de fazer música mais pesada sempre lá esteve, só que, na altura, não sabíamos bem como. A captação do disco e o que tocamos ao vivo eram duas coisas completamente diferentes. Nunca conseguimos trazer aquela energia para dentro do disco.

Dá-me a impressão que este álbum saiu numa altura em que vocês precisavam de ser mais diretos e produzir mais.

[Francisco] Sem dúvida! Este foi o álbum em que menos pensamos e menos conceptualizamos. Foi mais… bandalheira [risos].

O que sentem agora, a tocar o disco ao vivo? Mudou o quê?

[João] É muito mais uptempo, muito mais energético.

[Francisco] Dantes era yoga, agora é ginásio.

[Hugo] Falamos muitas vezes entre nós que agora o nosso concerto é muito mais físico.

[Diogo] O primeiro ensaio com este set foi logo uma cena super desgastante.

[Luís] Até temos percebido que, se calhar, devíamos mesmo entrar num ginásio.

[Francisco] Eu inscrevi-me. E tu também.

[Luís] Pois, mas já deixei de ir. E agora estamos assim [risos].

Quais são as temáticas principais das músicas? Quem escreve as letras?

[Diogo] Há cumplicidade entre mim e o Luís nas letras. Não houve uma temática geral, o objetivo é sempre que fique no ouvido. Às vezes há aproximação de ideias, mas nunca é muito intencional. Aqui foi mais andar ao estoiro, talvez. Eu tenho uma abordagem às letras um pouco diferente do Luís. Enquanto o Luís é mais direto, eu penso mais nas palavras e nas fonéticas.

[Luís] Eu fico a gravar-me a fazer sons no telemóvel, enquanto ele pensa mais nas palavras.

E agora sobre algumas músicas. Preciso de saber. Quem é a “Next Emma Stone”?

[João] Aleluia, caralho, estava a ver que ninguém nos perguntava isto!

[Luís] Epá… é uma personagem virtual… [risos]

Só há uma personagem virtual assim?

[João] Sim, só há uma…

Ui, estou curioso [risos]. Ficamos assim?

[Luís] Vai ter que ficar assim [risos].

E… o que são os “Pretty Sticks”?

[Diogo] Para mim, “Pretty Sticks” é uma constante procura de uma high, da próxima cena. Só para deixar claro também que as nossas músicas não são sobre drogas. Não somos uns janados, ok?

[Luís] Mas podíamos ser! Não queremos fechar portas a nada também.

[Francisco] Vê-se logo que não somos, não é? Logo porque ninguém usa a palavra “janados” hoje em dia [risos].

Ainda sobre a “Pretty Sticks”, tinha uma ideia muito diferente da música como usam imagens do Grande Prémio do Estoril de 1977, do Campeonato Europeu de Fórmula 2. Porquê? O que vos levou a escolher esse vídeo em específico?

[Francisco] Para quem não sabe, aquilo são tudo filmagens do pai do Luís. Ele é a estrela do vídeo.

[Luís] Pois, é assim… o meu pai nem gostava muito de carros. Ele gostava bué de cinema, comprou uma máquina super 8 e tinha amigos loucos por carros. Um deles tinha guita e alugaram um Ford Cortina vermelho e foram para a pista.

[João] Gravaram aquilo com o primeiro estabilizador de imagem do mundo [risos].

[Luís] A câmara ficou agarrada a uma chapa que depois se colocou na porta do Ford. Fecharam-se com força e lá foi!

Foi um momento bonito de integração do trabalho do teu pai na banda portanto.

[Luís] O meu pai curtiu bué. Para os outros videoclipes, houve discussão de ideias, mas nada de extraordinário. Nada como teria sido antigamente. Falamos sobre, mas focamo-nos mais em materializar.

O que levou a demorar 5 anos a lançar o disco? Foram as circunstâncias dos últimos cinco anos ou houve aqui algum empenho diferente no que toca a aprimorar o disco ao máximo?

[João] A primeira dificuldade foi a pandemia, porque nós tínhamos uma tour planeada que teve que ser cancelada. Depois, começamos o processo de escrita no verão de 2020. Com a pandemia a agravar-se, não nos conseguimos juntar tanto, e até as apresentações ao vivo ficaram complicadas. Em 2021, gravamos um disco ao vivo. Em 2022, tivemos um ano de pausa. E em 2023, foi o ano de composição do disco. O disco ficou totalmente gravado e não se mexeu mais a partir de janeiro de 2024. Ou seja, ficamos um ano sem mexermos no disco até ele sair.

[Diogo] Fizemos um esforço enorme para gravá-lo e lançar no ano passado, mas depois surgiu a ideia da editora [Only Lovers Records], que apontou uma data e pronto, ficou assim. Na altura até gravamos tudo um pouco rápido demais porque queríamos mesmo lançá-lo.

Sentem agora que estão menos pesados e com menos pressão em cima daqui para a frente? 

[João] Agora é colher um pouco os louros deste disco na nossa tour e, depois, eventualmente sairá um novo disco.

[Francisco] O próximo será ainda mais javardo e melhor do que este!

Os Them Flying Monkeys tocam durante o mês de maio pela Europa fora. Em Portugal, tocam a 7 de maio em Santa Maria da Feira e a 8 de maio no Maus Hábitos, no Porto.

Filho do rock, do doom e de todos os géneros musicais que nos façam abanar as ancas e a cabeça, reside em Braga onde estuda engenharia. Poderão encontrá-lo em qualquer cave onde haja barulho e em qualquer local onde haja cerveja a preços abaixo da média.

Chegou a hora de suar com a ajuda da banda oriunda de Sintra.

Artigos relacionados

Digite acima o seu termo de pesquisa e prima Enter para pesquisar. Prima ESC para cancelar.

Voltar ao topo