O coração do público ribomba a cada salto de Scúru Fitchádu, a cada raspar de ferrinho e explosão de bass. O suor escorre das costas de quem o vê pela primeira vez, e de quem o vê pela décima. Independentemente do mês ou do dia, um concerto de Scúru Fitchádu é sempre uma experiência física, visceral e impossível de ignorar, mesmo para quem desgosta. O palco deixa rapidamente de ser um lugar e transforma-se numa manifestação em ebulição. O chão vibra sob os pés do público e cada batida funciona como um murro no estômago. Marcus Veiga convulsiona, contorce-se e projeta o corpo como uma extensão direta do som, num transe que oscila entre o ritual e a revolta. É simultaneamente xamânico e industrial, causando um choque entre o ancestral e o futurista. O público participa, salta e grita a letra que não sabe pronunciar corretamente. Sai-se de lá diferente, esgotado, ensopado e mais vivo.

Marcus Veiga, o homem por detrás do projeto, não faz apenas música: cria movimento e resistência. Filho de pai cabo-verdiano e mãe angolana, nasceu em Lisboa nos anos 80, acumulando estímulos artísticos a partir de vivências e geografias diversas. Natural de Almada, Marcus incorpora na sua sonoridade uma multiplicidade de influências, do metal industrial à la Godflesh ao rock português, à eletrónica e à pulsação do funaná. Nas suas canções faz referência direta à música cabo-verdiana, transformando essas raízes numa sonoridade de combate dentro de uma estética punk eletrónica disruptiva, marcada pela experiência negra marginalizada. A sua linguagem sonora trata-se de uma mescla de concertina, samplers distorcidos e guitarras enraivecidas – um caos assumidamente anti-pop.

Capa Griots i Riots
Capa Griots i Riots

No entanto, tentar rotular Scúru Fitchádu é, no mínimo, fútil. A cada lançamento, o artista desmonta qualquer tentativa de encaixe fácil e reafirma uma identidade construída à base do choque frontal. O que há é empatia. E muita biqueirada no conformismo e no fascismo. Se no EP homónimo de 2017 o público foi apanhado desprevenido, confrontado com vocais incómodos e uma estética crua, no mais recente longa-duração, Griots i Riots, lançado este ano precisamente no dia seguinte aos resultados das eleições legislativas, Marcus Veiga atinge uma nova dimensão. O álbum apenas limpa o ruído excessivo para revelar uma assertividade agressiva, urgente e necessária.

No passado dia 8 de outubro, antes de incendiar o palco em Barcelos, Marcus Veiga sentou-se com a Playback para falar sobre este novo disco.

Antes de 2020 o teu nome circulava principalmente na cena do metal. Com isto, tornaste-te dos poucos acts que tocou simultaneamente no SWR Barroselas e no Vodafone Paredes de Coura. Sentes-te um peixe a navegar por vários géneros ou isto faz tudo parte do universo de Scúru Fitchádu?

Eu sempre ouvi metal e estive envolvido na cena. Quando comecei a apresentar o meu trabalho nesse ambiente, contudo, comecei a ficar um bocado desapontado. O pessoal queria algo exclusivamente metal. Agora já não é assim e já existem bandas a fazer cruzamentos entre géneros. Mas, na altura, sentia que o metal acabava por ser um buraco: entravas e só podias tocar aquilo. E eu, para ser fiel ao que sempre fui, já que sempre ouvi de tudo um pouco, acabei por começar a recusar alguns pedidos em festivais de metal, exatamente para não cair nessa limitação e não ficar preso a um circuito onde muitas bandas entram e depois não conseguem sair. A verdade é que, em Portugal, há poucos festivais de metal que tragam coisas realmente diferentes. É quase sempre o mesmo alinhamento de bandas mais antigas a tocar a mesma sonoridade de sempre. Por isso, festivais como o Amplifest acabam por estar mais na minha praia. Já não faz sentido para mim abrir um concerto de uma banda de thrash metal dos anos 80. Paradoxalmente, foi ao libertar-me dessa limitação do metal que consegui estar em muitas mais vertentes. O que eu gosto mesmo é de levar o público a experienciar coisas diferentes. Gosto de ir a um festival que não é tão pesado e levar algo mais agressivo, ou, ao contrário, ir a um festival mais eclético e fazer uma cena mais metal ou mais eletrónica.

Numa entrevista disseste que para ouvir a tua música é preciso mente aberta, e que não seria numa discoteca que isso iria acontecer. Hoje sentes que esse cenário mudou?

Não. Acho que não. Especialmente em discotecas. Toda a cultura da discoteca acabou por ir por um caminho demasiado materialista, muita pose, muita cena instantânea, de gerar reação nas redes sociais. E essa procura constante de atenção… acho que não deveria ser assim. O ambiente para a minha música tem de ser aberto, e não é nestes espaços fechados que haverá condições. Não fisicamente, mas fechados em termos de mentalidade. Lugares que estão sempre na mesma corrente, a passar o mesmo tipo de música, com a mesma forma de pensar.

Partindo dessa visão, sentes que a tua proposta, política e musical, está a alcançar um público mais amplo e a ser recebida de outra forma?

Sim. No início era mais complicado. Era mesmo difícil, porque não me conseguiam catalogar. Chamavam-me anarca, falavam das lutas de classe, essas coisas todas. E eu faço isso, mas também vou mais além. O meu objetivo é fazer com que a minha música chegue a toda a gente para não andar a tocar sempre para os mesmos. Esses já os tenho comigo. É dar oportunidade a toda a gente de ouvir e de debater a minha música. Tudo bem que eu tenho a minha seara política, sei onde me situo, obviamente numa cena mais aberta, mais progressista, mas no fundo também gosto de expor as pessoas a um cenário diferente, não é?

Ao longo dos discos, sentes que o teu som se foi tornando mais polido ou cada projeto representa uma tentativa de chegar a territórios novos?

Olha, é um bocado das duas cenas que disseste. Eu luto sempre para chegar a mais gente. Não numa lógica quantitativa de “quero muita gente, muitos likes, muitos seguidores”. Nada disso. O que eu quero é, por exemplo, fidelizar Barcelos: estão lá 100 pessoas, e se 5 saírem de lá a perceber a minha cena, a próxima vez já sabem, já reconhecem o que faço e conseguem até explicar a outra pessoa o que é, gostem ou não. Para mim, isso é o mais importante.A nível musical, sim, noto essa evolução desde o primeiro álbum. Eu agora olho para trás e não consigo ouvir as músicas do primeiro EP, por exemplo. Eu não percebia muito, tinha pouca preocupação com os tons e o ritmo. Mas foi assim que se abriram as portas, porque eu não sou músico no sentido tradicional. Não acho justo dizer que sou músico, quando há malta que estudou música. A minha cena é mais exploratória, é trabalhar com as poucas ferramentas que tenho e ir descobrindo caminhos a partir daí.

Acho um bocado injusto dizeres que não és músico. Pegando num exemplo pelo qual já te vi mostrar carinho, o Tricky. Ele também sempre trabalhou num modus operandi semelhante ao teu: muito sampling, misturar sons que à partida não combinariam… e seria absurdo dizer que ele não é músico. Agora que penso melhor, até há bastantes parecenças entre vocês os dois.

Eu acho que ele também não se considera músico [risos]. Eu acabei por estar só sempre a lutar contra desafios que me iam surgindo. Combinar coisas que não soavam bem e tentar conseguir fazer aquilo tudo respirar. Que é para tu veres, eu às vezes misturava coisas com BPMs totalmente diferentes e aquilo às vezes não fazia sentido nenhum. E é aí que, de disco para disco, fui conseguindo polir um bocadinho. No sentido de transmitir melhor o que quero, não de embelezar para chegar a algum lado. Mantendo a mesma mescla visceral e permitindo que percebas todas as camadas e todas as pistas que estão lá. Eu curto muito essa cena de deixar pequenas pistas e referências sonoras. Seja num sample, seja numa frase que digo e que tu consigas pensar: “isto é Snatch, isto é The Dark Knight”. Gosto de espalhar essas migalhas, porque dão muita textura. A minha falta de saber tocar um instrumento acaba por me levar por estes caminhos.

Esta evolução que descreves foi natural ou consciente?

Eu estou sempre a descobrir música nova e a acumular conhecimento. Ao início era tudo muito inconsciente. Agora admito: eu procuro mesmo fazer isso. Por exemplo, toquei em Torres Vedras, e a banda que abriu para mim, os IBSXJAUR, de Vila Real, eu adoro-os. E houve essa oportunidade de eles virem abrir o concerto. Eu estive a ouvir a base sonora deles e aquilo é bué rico, tem uma cena de destruição que eu também procuro para mim. E eu agora ando a estudar as malhas deles.

Além de fazeres os instrumentais, tu também cantas nas tuas músicas, usando uma voz pouco convencional. Como surgiu a decisão de começares a cantar?

Nos anos 90, comecei a cantar e a rappar. Cheguei a fazer parte do movimento de hip-hop em Portugal. Não com esta voz que uso em Scúru Fitchadu, mas com a voz limpa que estás a ouvir agora. Mas sentia-me bastante limitado. E como sempre ouvi música com presença, tirada com atitude, sempre me atraiu mudar o registo. No início tentava imitar o Max Cavalera. Depois comecei a puxar mais do Tom Waits, que me influenciou imenso de diferentes maneiras. Mas foi sempre à base de tentar imitar vozes que me agradavam.

Fotografia: Rita Carmo
Fotografia: Rita Carmo
Ao vivo apresentas-te com mais músicos, tendo já passado por diferentes formações desde setups mais minimalistas até a orquestras. Como é o teu processo de composição para chegar aqui e como decides que instrumentos ou elementos te acompanham no palco em cada fase?

Eu trabalho sempre com software, mas uso instrumentos que não são reproduzíveis em instrumentos convencionais. Logo aí tenho um desafio. Por isso, o que eu assumo sempre ao vivo é que tem de haver um esqueleto, um backing track para segurar tudo. Há basslines que não dá mesmo para fazer num baixo. Nem dá para as reproduzir de outra forma, têm de ser exatamente como estão. E as minhas baterias, eu gosto que saiam mesmo plásticas. Algumas baterias e baixos até são cantados com a voz. Tendo isto em conta, eu já experimentei com várias formações. E acabou por ser um pouco por conveniência de quem na altura estava disponível para me ajudar e também o que me pareceu interessante na altura. Eu agora estou a estudar colocar uma bateria, por exemplo, porque o Henrique Silva já não vai conseguir continuar a acompanhar-me na guitarra porque tem vários projetos. E eu gosto disto, de não ser uma cena previsível e ter oportunidade de alterar o som e as dinâmicas.

Scúru Fitchádu: “O que eu gosto mesmo é de levar o público a experienciar coisas diferentes”

Deveria fazer mais agora [risos]. Eu sempre estive ligado às artes marciais. Fui lutador de Muay Thai, fui instrutor de capoeira, sou cinturão vermelho de karate. Sempre fui muito ligado à parte física durante muitos anos. Mas eu no meu dia-a-dia sou super calmo como podes ver. E então, ali no palco, é a forma que tenho de mostrar esse lado e de me libertar um bocado.

Ora, e tu já falaste que nem sempre o teu trabalho foi bem recebido dentro da comunidade cabo-verdiana e que por vezes há a expectativa de uma representação mais tradicional. Como é que aconteceu esse distanciamento e ainda o sentes?

A forma como eu apareci foi muito bruta. O povo cabo-verdiano, assim como qualquer outro que preserva a sua cultura tradicional, tem aqueles gatekeepers que não entendem. E, numa altura em que tudo é apropriado, toda a gente puxa algo para si, muitas vezes de forma mal-educada, sem homenagem, sem explicar o porquê, eles ficam tipo: “Pá, quem é este gajo? Nunca ouvimos falar dele. Ele não entra aqui.” Mas depois descobri que, por trás desses gatekeepers, havia pessoas que também gostavam da música tradicional, mas que fizeram um trajeto parecido com o meu. Que ouviam Sepultura e Pantera e deram-me força para continuar. Mas agora tenho sentido cada vez mais amor. Quando tiram as camadas, ouvem as entrevistas e percebem: não, ele não está aqui a tentar pôr-se numa posição de salvador. E não estou aqui a beber à tradição por conveniência. Os meus pais vieram de Angola e Cabo-Verde, fui criado a ouvir essa música em casa. Mas eu cresci em Lisboa, e nas ruas ouvia punkalhada e metal. Eu não posso agora estar aqui com uma concertina e um violino, a fazer música de baile. Não faz sentido, nem seria verdadeiro comigo.

Já tocaste alguma vez em Cabo Verde?

Toquei uma vez. O mais engraçado é que estava muito nervoso, porque era um teste de validação. Eu já tinha tocado aqui na Europa e em Portugal, mas este ia ser um dos episódios mais importantes para a minha carreira. E eu precisava dessa validação. Fui tocar no sítio mais pop, que era uma rua. Imagina uma destas ruas principais aqui de Barcelos. Quando cheguei, pensei logo: “isto vai correr mal”, porque via famílias, cotas, jovens… acaba por ser uma ilha pequena, há poucas coisas a acontecer, e quando acontece, toda a gente vai. Fiquei a pensar: vou ter de preparar um set mais virado para o funaná, algo que eles estejam já mais habituados porque senão isto vai dar para o torto. Mas o mais engraçado é que eles queriam mais violência e mais movimento. Eles gostam de pancada. Havia ali qualquer coisa que precisava de ser arrancada, porque grupos de baile eles já têm todos os dias. Foi uma grande lição. Fiquei contente, a malta gostou e percebeu: ok é filho de crioulo, mas mora em Portugal e cresceu com outro tipo de música.

A tua música rompe com as fronteiras. Sentes que essa ocupação de lugares é necessária nos dias de hoje? Ou sentes que esse romper de fronteiras tornou-se parte do sistema?

Eu acho que, para mim, era abolir fronteiras. Se o dinheiro circula, as pessoas também podem. Acho que há espaço para todos, para absorver a cultura e dar oportunidade à cultura. Agora temos malta de todo o lado e tenho a certeza que no Bangladesh têm música incrível que ainda não tivemos oportunidade de ouvir. Se estivermos a dançar ao som de música que não é do nosso círculo habitual, vamos conseguir aproximar-nos das pessoas e das culturas. No meio de pessoas desse círculo, acabamos todos por ficar amigos.

O teu disco saiu logo após as eleições. Foi uma decisão pensada para esse momento específico? Estavas à espera de resultados tão pesados e sentias que o álbum ganharia ainda mais urgência nesse contexto?

Não, foi aleatório. Eu só me apercebi disso semanas antes. O facto de parecer que foi pensado é normal porque eu já tenho vindo a falar dessas merdas nos outros álbuns. Eu já sabia que a cena vinha pesada. Não exatamente assim, mas sabia que os tempos iam ser complicados. E eu já vinha a escrever com isso em mente. Eu deveria ter feito algum planeamento, mas eu não planeio muita coisa. A verdade é que eu trabalho na indústria da música, fora disto, produção de eventos e comunicação mas para a minha cena não gosto de estar a preparar tudo ao pormenor. Gosto de manter essa veia da imprevisibilidade e punk.

Como é que foi o processo criativo deste disco?

Eu tenho um processo muito simples. Escrevo frases que me ocorrem em vários lugares: no metro, na rua, em bancos de jardim. Depois construo loops que vou arrumando. Quando tenho mais tempo, fico a ouvir os loops de que gostei mais durante 10 minutos seguidos e vou ficando a pensar e a observar e junto ideias de letras que fui escrevendo. Antes escrevia mesmo letras completas, mas agora não. A nível sonoro inspiro-me por barulho e sons do dia a dia. Tento encontrar cadências e padrões. Por acaso, agora comecei a aprender a cantar as minhas melodias com a voz, e isso ajuda bastante. Porque, de disco para disco, fui trazendo mais harmonia.

Neste novo disco surgiu a colaboração com o Conan Osiris na “Simia Kodje”. Como é que aconteceu?

Eu já me tinha cruzado com o Conan algumas vezes. Ele apareceu mais ou menos ao mesmo tempo que eu. Por meio da manager dele consegui chegar até ele, pois ele também já tinha vindo a reparar no meu trabalho. Ele foi dar um concerto no Coliseu de Lisboa e chamou-me para tocar ferro. Falámos um bocado e percebi que tínhamos muitas cenas em comum. Ele é bué punk e é exatamente o que ele mostra. E isso agrada-me bué. Ele é um mitra cheio de coração. Para o álbum, eu já o tinha abordado a propósito de colaborarmos e ele alinhou desde o início. Estava só a preparar a música para ele porque não queria algo muito barulhento, queria dar-lhe espaço. E foi muito bom, porque isto abriu-me muitas portas também para ter mais ideias. Por exemplo, agora com a Ana Deus. Conheço-a desde os anos 80, com a banda Três Tristes Tigres, mas agora estou a ouvir muitos outros projetos que ela tem e adorava trabalhar com ela para o próximo ano.

Falando desta tua ligação com clássicos do “rock português”, as reinterpretações de “Idukasan i saud” e “Maria” revelam uma relação profunda com o legado musical português.

Os Mão Morta sempre foram omnipresentes na minha música. Aliás, no meu primeiro EP já tinha samplado: “Vamos todos para a revolução!” da música “Charles Manson”. Quando fiz a versão da “Maria”, antes de a lançar, queria saber a opinião deles e durante um festival que produzi na Caparica consegui meter-me lá no camarote deles. Eles foram super simpáticos, mostrei-lhes e eles gostaram muito. Para a letra da “Maria”, tentei fazer uma cena diferente e adaptei-a a uma situação da minha vida com um loop de batucadeiras. Numa determinada noite em que o meu pai e a minha mãe estavam na rua, tiveram alguns problemas porque meteram-se com a minha mãe. O meu pai foi defendê-la e acabou numa luta. Conseguiu bater num gajo, mas depois vieram muitos para cima dele e acabou no hospital. E a minha mãe chamava-se Maria. Para a “Idukasan i saud”, não tive feedback do Sérgio Godinho. Foi só tratar da parte burocrática e seguiu. Mas imagino que também não há de ficar chateado não é? A mensagem está lá.

Scúru Fitchádu por Rita Carmo
Fotografia: Rita Carmo
Outra versão que apresentaste no novo disco foi “Caoberdiano Barela” do Princezito. Tu e o Fidju Kitxora pegaram na mesma referência em momentos próximos, pois ele também fez uma versão desta música. Houve aqui alguma coincidência e porquê esta música?

Sim, foi coincidência. Esta, em comparação com os outros covers, foi no entanto a mais sensível para mim, porque não sabia como ele ia reagir. Esta eu queria ter mesmo um cuidado especial. Esta música é um clássico e achei que estava na altura de fazer algo arrojado, e fiz uma versão muito diferente da original. Eu não sabia o que esperar do feedback do Princezito. Por meio de um amigo em comum, o Cachupa Psicadélica, trocamos mensagens e ele disse-me que adorou. Não só gostou, como queria que a versão dele tivesse chegado a esse dramatismo: é um grito, é um choro. Foi um enorme alívio. A música fala das pessoas que saíram de Cabo Verde por causa da fome e da seca, foram trabalhar para São Tomé e chegaram lá em condições quase escravas. Fala de alguém que trabalhou, passou por dificuldades, mas que quer voltar para Cabo Verde, e neste disco fez todo o sentido incluir uma música com esta mensagem.

Em que direções tens pensado agora, quer musicalmente, quer enquanto performance?

Agora estou a procurar uma nova formação ao vivo para criar algo diferente, evitar a previsibilidade e desafiar-me na apresentação do espetáculo. Eu gosto de estar sempre em desafio. Porque eu penso sempre na maneira como me apresento ao vivo. A minha cena não é gravar discos, nem singles, mas sim tocar ao vivo. Se pudesse, eu só tocava ao vivo, não gravava. Porque é isso que eu gosto verdadeiramente! É com espectáculos que mudamos as mentalidades e chocamos e é no palco que podemos fazer isso acontecer.

A 18 de dezembro, Scúru Fitchádu toca com os MÁQUINA. no B.Leza, em Lisboa. Os bilhetes podem ser adquiridos aqui.

Fotografia de destaque: Rita Carmo

Filho do rock, do doom e de todos os géneros musicais que nos façam abanar as ancas e a cabeça, reside em Braga onde estuda engenharia. Poderão encontrá-lo em qualquer cave onde haja barulho e em qualquer local onde haja cerveja a preços abaixo da média.

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